No centro do charmoso e histórico Coxipó do Ouro, encontra-se um espaço que carrega não apenas beleza, mas também um profundo significado para a comunidade: a Praça Joana Batista Pojalle. Conhecida carinhosamente como Dona Joaninha, ela se tornou um símbolo de devoção, acolhimento e alegria na região.
Falecida em 1975, Dona Joaninha era da família Freitas e casada com Virgílio Pojalle, servidor da Prefeitura de Cuiabá que atuou no Cemitério do Coxipó do Ouro até sua aposentadoria em 1969. Embora não tenha tido filhos biológicos, foi mãe de coração de dezenas de crianças adotivas e afilhados.
Dotada de múltiplos talentos, foi parteira, costureira, confeiteira, reconhecida pelo tradicional bolo de arroz e o doce de leite e era uma conselheira querida, sempre chamada para apaziguar desavenças entre famílias. Como lembra o professor Antônio Vergilio da Silva, “era uma mulher de bom coração, bem-humorada, com espírito jovem e que nunca sabia dizer não a quem lhe pedisse ajuda”.
Na vida religiosa, Dona Joaninha teve papel fundamental. Foi zeladora da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, coordenadora das festas de santos, das rezas, dos arranjos das imagens e andores das procissões. Coube a ela, junto com o esposo Virgílio, a responsabilidade pelo tradicional sorteio dos Imperadores e Imperatrizes do Senhor Divino, mantendo viva uma das mais antigas tradições de Cuiabá.
Mas sua contribuição não se restringia à fé. Dona Joaninha também era a alma das festas comunitárias. Morava na Casa de Festa, onde sua cozinha estava sempre aberta para quem chegasse. Ali, ninguém ficava sem um prato de comida, e era comum que políticos, militares e moradores da região frequentassem seus bailes de fim de semana, em um espaço que se tornou ponto de encontro e convivência social. Seu trabalho era silencioso, mas fundamental para manter viva a fé e a tradição de um lugar que respira história.
A igreja que Dona Joana cuidava é parte do patrimônio cultural do Coxipó do Ouro, um distrito conhecido por seu papel nas rotas de ouro no período colonial e por preservar, até hoje, um modo de vida pacato e acolhedor. Ao dedicar-se ao templo, Dona Joana ajudava a manter essa herança viva, reforçando os laços entre fé e comunidade.
A escolha de seu nome para a praça central do Coxipó do Ouro é um gesto de gratidão e reconhecimento da comunidade a essa mulher que uniu religiosidade, solidariedade e alegria em tudo o que fez. A Praça Joana Batista Pojalle hoje é um espaço de lazer, fé e memória, uma extensão da própria história de Dona Joaninha, que permanece viva no coração e nas lembranças de todos que por ali passam, brincam, conversam, se reúnem, exatamente como ela gostava de ver a comunidade: UNIDA.
Assim, cada banco, cada árvore e cada passo dado ali carrega um pouco da história e do exemplo dessa mulher que com humildade e devoção, se tornou parte indissociável da alma do Coxipó do Ouro.
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