A tão aguardada pavimentação da MT-030 pode finalmente sair do papel. Com cerca de 30 quilômetros de extensão, o novo traçado tem início na Ponte de Ferro, em Cuiabá, e segue em linha reta paralela ao linhão da Usina do Rio do Casca, cruzando o Rodoanel até encontrar a MT-251, próximo à subestação de energia de Chapada dos Guimarães.
A proposta da nova rodovia é aliviar o tráfego intenso da MT-251, que além de não ser duplicada, apresenta trechos sem acostamento, tornando a viagem perigosa e demorada. O deputado estadual Nininho, um dos principais defensores da obra, prevê que a licitação possa ocorrer até o primeiro semestre de 2026. A execução da obra, segundo ele, levaria entre 18 meses e dois anos.
“O único gargalo do projeto é justamente o ponto de subida da serra. Já temos estudo de viabilidade do traçado em andamento pela empresa Ecoplan, o qual apresentará uma proposta técnica dia 09/07 se tudo correr bem, o mesmo grupo técnico poderá assumir o projeto executivo . Nossa expectativa é licitar até meados de 2026”, afirmou o parlamentar.
A expectativa da população é grande, especialmente das comunidades que há décadas enfrentam dificuldades de acesso e infraestrutura. O tema, inclusive, ganhou destaque no documentário “MT-030: O Caminho para o Desenvolvimento”, produzido pelo Instituto Apoena, que reúne depoimentos emocionados de moradores da região.
Lucineth Andrade, moradora da Ponte de Ferro, resume o sentimento de muitos.
“Estou aqui há muitos anos. Sofri muito com poeira, buracos... e escuto falar dessa obra há mais de 30 anos”, relata.
A comerciante de Chapada dos Guimarães Jéssica Duarte destaca os impactos da insegurança e do aumento de custos logísticos sempre que o trecho conhecido como Portão do Inferno é interditado:
“Tudo que a gente pede tem frete, e quando fechou o Portão, o frete subiu muito”.
O prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner (União), também apoia a construção da nova estrada.
“A MT-251 está sobrecarregada. A MT-030 vai oferecer um acesso mais seguro e rápido. É uma obra cara, mas essencial para o desenvolvimento regional”, pontuou.
O deputado Nininho vai além: acredita que a MT-030 transformará o perfil da Chapada.
“Chapada pode se tornar um novo 'Campos do Jordão' de Mato Grosso, com investimentos e mais infraestrutura”.
Impacto direto nas comunidades rurais
A construção da MT-030 impacta diretamente dezenas de comunidades rurais no entorno de Cuiabá. Uma das regiões por onde a estrada deve passar é a Comunidade Rio dos Médicos, tradicional núcleo de pequenos produtores.
Já Eliane Professor, presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais da Comunidade dos Médicos (PCCM), destaca a esperança dos moradores da localidade com a chegada da infraestrutura:
“Esperamos que essa estrada traga melhorias reais para a nossa comunidade. Temos potencial agrícola e turístico, mas faltam acesso, transporte e visibilidade. Se for bem planejada, a MT-030 pode mudar nosso futuro”.
Além de representar um alívio para o tráfego urbano, a MT-030 também abre caminho para a valorização do turismo e a redução de custos para moradores e comerciantes. Ademil Freitas, presidente da Associação de moradores do Arraial dos Freitas, acredita que a nova via será decisiva para o setor:
“O turismo vai melhorar com certeza. Vai encurtar a distância e criar uma nova rota”.
Para Thiago Pedroso e Almindo Reis (Nezinho), diretores da Central de Associações Rurais do município de Cuiabá (CAR-CBA), é fundamental que as lideranças e o poder público dialoguem com as comunidades envolvidas:
“Essa obra pode representar uma oportunidade histórica de desenvolvimento para o meio rural, mas é preciso garantir que os moradores da região sejam ouvidos e tenham seus direitos respeitados. A estrada tem que passar, sim, mas também precisa trazer dignidade e estrutura para quem vive e trabalha ali há décadas”.
Enquanto os mapas e estudos técnicos delineiam rotas e curvas, é nas vozes das comunidades que a MT-030 ganha sua verdadeira importância. Para muitos, não se trata apenas de uma estrada, mas de um sonho adormecido há décadas — de ter acesso digno, de ver os filhos chegarem mais rápido à escola, de escoar a produção sem prejuízo, de receber visitantes sem medo da poeira ou do isolamento.
Nas Comunidades, onde o asfalto ainda é promessa, a esperança começa a se renovar. A cada anúncio oficial, a cada visita técnica, brota a expectativa de que, desta vez, seja diferente — que a estrada chegue, sim, mas com respeito às raízes, às casas simples, às histórias enterradas no barro vermelho.
Que a MT-030 não seja apenas um atalho entre a cidade e a serra, mas uma ponte entre o progresso e a dignidade. Porque quem vive nas margens desse futuro sonhado sabe que desenvolvimento de verdade começa onde o asfalto ainda não chegou — no coração de quem resiste, planta, cria, educa e sonha todos os dias.
Fonte Gazeta Digital
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