segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Rio Coxipó: riqueza histórica, ambiental e vital para o futuro de Cuiabá

O Rio Coxipó é mais do que um recurso natural para a capital mato-grossense: ele carrega em suas águas séculos de história, identidade cultural e, sobretudo, a responsabilidade de sustentar a vida de milhares de cuiabanos.

No século XVII, os primeiros bandeirantes paulistas chegaram à região em busca de ouro. Manoel de Campos Bicudo, entre 1673 e 1682, foi o pioneiro a acampar na foz do rio Coxipó com o rio Cuiabá, batizando o local de São Gonçalo, em homenagem ao santo padroeiro dos navegantes. Poucas décadas depois, seu filho Antônio Pires de Campos retornou e encontrou a presença dos índios Coxiponés, que deram origem ao nome do rio. Com a descoberta de ouro, surgiria o vilarejo que se tornaria o atual distrito de Coxipó do Ouro, marco inicial da ocupação colonial em Mato Grosso.

Geograficamente, o rio nasce no Vale da Benção, em Chapada dos Guimarães, e percorre cerca de 79 quilômetros até desaguar no rio Cuiabá. Seus afluentes são os rios: Mutuca, Claro, Paciência, dos Peixes. Ao longo de seu curso, forma paisagens únicas, como a famosa cachoeira Véu de Noiva, cartão-postal que atrai turistas de todo o Brasil e do exterior. No entanto, também sofre os impactos da ação humana: ocupações irregulares, esgoto doméstico, mineração, queimadas e desmatamento da mata ciliar têm comprometido a qualidade de suas águas.

Mesmo diante dos desafios, o rio Coxipó continua sendo estratégico para a vida e o desenvolvimento. Ele abastece com água tratada a população de Cuiabá, tanto pela Estação de Tratamento de Água (ETA) do Tijucal quanto pela ETA do Coxipó do Ouro, que garante fornecimento ao distrito. Além disso, suas águas são essenciais para a agricultura familiar e para o turismo ecológico, atividades que movimentam a economia local.

Para o presidente da Central de Associações Rurais de Cuiabá, Thiago Pedroso, a preservação do rio é um compromisso coletivo:
“O Rio Coxipó do Ouro é um patrimônio natural que garante água para nossa cidade, alimento para a agricultura e oportunidades para o turismo sustentável. Ele é fonte de vida e desenvolvimento, mas precisa ser cuidado. Sem o rio, Cuiabá perde sua história, sua cultura e o futuro das próximas gerações.”

A história mostra que o rio foi o caminho da colonização, mas hoje ele precisa ser o caminho da preservação. A recuperação de sua bacia hidrográfica é urgente e depende da ação conjunta do poder público, da iniciativa privada e da sociedade civil. Só assim será possível devolver ao rio Coxipó a pureza de suas águas e a alegria que sempre proporcionou às famílias mato-grossenses.

NEILA BARRETO é jornalista, historiadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.

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