Um novo roteiro religioso foi incluído no Estado de Mato Grosso, para assumir como outra rota das grandes 'romarias' do Brasil, assim como o Caminho da Fé, em São Paulo, rumo ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, ou a romaria ao Santuário de Nossa Senhora da Abadia do Muquém, que reúne mais de 400 mil pessoas todos os anos em Niquelândia, Goiás. Trata-se do Caminho de Sant'Ana, um antigo trajeto percorrido por peregrinos que transportaram a imagem de Nossa Senhora de Santana do Sacramento, padroeira de Chapada dos Guimarães, em 1779, do Porto Geral de Cuiabá até a Igreja de Santana, na Chapada. Um projeto idealizado pelo Instituto de Inclusão, Cidadania e Ação (INCA), com emenda parlamentar dos deputados estaduais Wilson Santos e Eduardo Botelho.
“A finalidade do Caminho de Sant'Ana é salvaguardar e resgatar a viagem de Nossa Senhora de Santana do Sacramento [...] além da cultura e história. A ideia é preservar a beleza ambiental e promover o turismo e a economia criativa”, De acordo com o corpo técnico do projeto, "a ideia é transformá-lo numa trilha religiosa, ecoturística, histórica e cultural. Para isso, foi preciso estudo de viabilidade técnica, econômica, ambiental e social" diz Cybele Bussiki Coordenadora do projeto.
Em janeiro, a proposta recebeu ajustes técnicos, segundo o consultor do projeto Jaime Okamura. No mesmo mês, os deputados Wilson Santos (PSD) e Eduardo Botelho (União), apoiadores da iniciativa, desceram a trilha para conhecer de perto o trajeto.
"Um lugar lindo de onde se vê todo o paredão da Chapada, a flora e a fauna. Em meio à natureza, é possível sentir a vibração de Santana. Hoje, o caminho é percorrido por ciclistas e cavaleiros, mas queremos também resgatar a história. A trilha percorrida pela santa será uma ação religiosa e cultural que vai fomentar o turismo e a economia da nossa região”, explica otimista Wilson, que também é historiador. Sobre o Caminho de Santana, a expectativa é que se torne "um produto turístico e ecológico ligado à natureza". "Esperamos que tudo dê certo e que esteja pronto nos próximos dois anos”, A trilha foi aberta por exploradores de ouro que vieram de São Paulo e deixaram Cuiabá nos idos de 1779, quando subiram a serra pelo mato e fundaram a Chapada dos Guimarães. “As ‘turmadas’ limparam o ouro em Cuiabá, o chamado ouro de aluvião. Então, houve um esvaziamento da capital. Parte da população voltou para São Paulo, parte subiu a serra e fundou Chapada [...]. Fizeram várias trilhas para subir e descer essa serra. Uma é a Tope de Fita’, outras são a Quebra Gamela, Trilha do Francês e Carretão”, contextualizou Wilson.
“Fomentar o turismo religioso é, sem dúvida, uma contribuição e tanto para Cuiabá e Chapada dos Guimarães”, disse Botelho.
Para Thiago Pedroso, presidente da Associação Moradores do Coxipó do Ouro e romeiro na trilha, diz que esta trilha certamente será bem divulgada e estruturada para receber turistas, assim gerando emprego e renda para as comunidades locais, visto que o Coxipó do Ouro e Chapada dos Guimaraes são 2 comunidades que tem muitos pontos turísticos e que são ligados por varias tradições. No percurso da trilha, partindo ainda de madrugada pela comunidade Rio do Médico, você tem a possibilidade de passar por pastos de fazendas, matas exuberantes, grotões, paredões da serra, grandes veredas, bica d'agua, nascente do Rio Coxipó e do Rio do Médico até chegar à cidade de Chapada. completou Thiago.
Para Dodé Santos, guia na trilha e morador da comunidade Rio do Médico destacou que "primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade de fazer presente neste projeto, aos amigos Jaime Okamura, a Celi, ao Geraldo, a Cybele e todos os idealizadores dessa bela caminhada, sem contar as pessoas que participaram da caminhada como Dona Sebastiana (83 anos), uma pessoa extraordinária, um exemplo de perseverança e com uma vitalidade impressionante, que percorreu toda a trilha, que nossa Senhora Sant'Ana abençoe a todos, a comunidade Rio dos Médicos estará de portas abertas e contem sempre comigo, Viva Sant'Ana", Finalizou Dodé.
Cely Coelho, uma das organizadoras do evento diz que este Projeto resgata a viagem da imagem de Nossa Senhora de Santana do Sacramento, entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães, em 1779.
Um pouco mais sobre a Trilha Tope de Fita
O INÍCIO
Uma trilha é aberta para levar as pessoas de um ponto a outro. O Tope de Fita foi um dos muitos caminhos que estiveram em atividade para ligar Cuiabá a Chapada dos Guimarães. Histórico, este trajeto deve ter sido desenhado, provavelmente, após a ida do homem branco para serra acima, registrada pela primeira vez em 1727. Mas há autores que ligam o Tope como sendo parte de uma trilha inca.
De 1731 a 1737, período em que os indígenas paiaguá fecharam o Rio Paraguai interrompendo a rota de Cuiabá a São Paulo, o Tope de Fita e as outras trilhas levaram os viajantes a desviar por Chapada com destino a Goiás Velho. A estrada ainda guarda em parte do trajeto o calçamento original feito com pedras. Não se sabe se essa benfeitoria foi realizada nessa época, ou em 1910 no governo de Pedro Celestino, ou ainda durante a década de 1930. Época que em o governador Mário Correa da Costa queria transformar Chapada dos Guimarães na nova capital de Mato Grosso.
O Tope de Fita foi muito utilizado pelos tropeiros que transportavam arroz, feijão, mandioca, milho, cana-de-açúcar, carne seca e outros produtos de Chapada para vender na capital. O tempo foi passando, a modernidade chegando e o asfalto conseguiu ligar Cuiabá a Chapada no final da década de 1970 por outro trajeto.
O nome Tope de Fita tem algumas versões. A expressão Tope é denominação geográfica comum dada ao topo de morros no estado. Já a fita remete a lenda de que uma mulher nobre de passagem pela trilha teria deixado um pedaço de fita preso em algum galho.

.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)
.jpeg)