quarta-feira, 14 de março de 2018

As festas religiosas do Coxipo do Ouro - Divino Espirito Santo

A festa do Divino Espírito Santo, cujas origens remontam ao tempo do Brasil Império, é a mais antiga e tradicional festa cultural-religiosa de Cuiabá, com cerca de 188 anos de existência.Ela acontece anualmente no período do Tempo Pascal, nos dias que antecedem a solenidade de Pentecostes, a festa litúrgica da Igreja Católica, em que se celebra a vinda do Espírito Santo.
O Coxipó do Ouro é uma aprazível localidade há 27 km de Cuiabá, situada à margem do rio de mesmo nome, em cujas águas, límpidas e frias, o cuiabano se refresca do calor, nos finais de semana. Filha dileta do Coxipó do Ouro, Cuiabá nasceu do Arraial de Forquilha, criado pelo Bandeirante Paulista, PASCOAL MOREIRA CABRAL, no dia 08 de abril de 1719. 

Visando o resgate dessa tradição religiosa e cultural da comunidade-mãe-de-Cuiabá, um grupo de filhos naturais e adotivos do Coxipó do Ouro resolveu retomar, com todas as pompas e circunstâncias, a realização das FESTAS DO SENHOR DIVINO, DE SÃO BENEDITO E NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, como eram realizadas antigamente. 

"Eu conheci essa festa no início da década de 70, quando ainda namorava a minha atual esposa, Mariley. Naqueles tempos, Cipriano de Freitas, André de Freitas, Tenente João Pedroso, Mario Amorim, Adolfo Vilela e tantos outros, eram os troncos das famílias tradicionais da localidade, e se sucediam na responsabilidade pela realização da festa. Eram três dias de festa. De muita fartura, muita comida, música, dança e alegria. Vinha gente de todas as partes. De Cuiabá, de Chapada dos Guimarães e de outros municípios. A Comida era gratuita, gostosa e abundante. Trabalhava-se dia e noite. Durante o baile de sábado, havia o Leilão de Mesa das prendas doadas pelos fiéis e colaboradores. No baile, regado a cerveja, licor de leite e cachaça, o famoso arrastapé comia solto a noite inteira. No domingo, havia missa, almoço e leilão de gado. Infelizmente, os patriarcas se foram para o andar de cima e as novas gerações, com o tempo, perderam o encanto com a comunidade. Pouco a pouco a festa se tornou um tímido arremedo daquele acontecimento de outrora. O Ranchão foi derrubado. A velha Igreja quase caiu. Os apetrechos utilizados na realização da festa ou estragaram ou desapareceram". Diz Maurides Celso Leite - festeiro de 2012.

"Meus avós Benedito Santana Pedroso e Benedita de Oliveira Pedroso se conheceram atraves da festa do Divino Espirito Santo do Coxipo do Ouro  em 16 de maio de 1942 e consecutivamente o irmao Joao Batista Pedroso conheceu a Ana Benedita Pedroso (ambos irmaos de meus avós), naquele tempo a unica forma de locomoção era através de cavalo e desta forma os dois casais tiveram lindas historia com direito a duas bodas de ouros e muitas emoções" informa Thiago Calaça Pedroso - Imperador 2017.

Os amigos conhecidos como Seo Renato e Seo Joaquim se consideram o pé e a mão da festa, na qual são voluntários há mais de 50 anos.

Joaquim Paz Martins da Cruz, o Seo Jaoquim, de 78 anos, atualmente toca percussão durante a passagem da bandeira, mas já fez de tudo um pouco na festa do Divino do Coxipó do Ouro. Ele coordena a atividade à frente da esmola dos devotos, com propriedade de um barzinho na entrada do Distrito e as funções de raizeiro e benzedor.

Há 62 anos acompanhando a bandeira e 55 anos exercendo a função de sanfoneiro do Divino, Renato Soares do Nascimento, o Seo Renato, falou com orgulho sobre a comunidade. “No Coxipó foi celebrada a primeira missa de Cuiabá, ainda pelos bandeirantes, que vieram à procura do ouro”. Seo Renato que, aos 73 anos, ainda atua como pedreiro e lavrador, canta e abençoa os trabalhos na peregrinação da bandeira.



Este ano, a festa do Divino Espirito Santo e Nossa Senhora do Rosario vai ocorrer nos próximos dias 19 e 20 de maio de 2018. 

PROGRAMAÇÃO

DIA 19/05/2018 Sabado
07:00 H – Peregrinacao
17:00 h Chegada da cavalgada
19:00 h Santa Missa
20:30 h Jantar
22:00 h Grandioso Baile
DIA 20/05/2018 Domingo
08:00 h Procissao
09:00 h Santa Missa
10:00 h Leilao de gado
12:00 h Almoco 
13:00 h Bingo dançante

Os recursos arrecadados com a festa deverão ser aplicados em obras e serviços de recuperação e de construção do salão de festas, da cozinha, do salão de refeições, dos banheiros do ranchão de festa, com o objetivo de que, a partir do próximo ano, já se tenha condições de se realizar uma festa mais condigna com a grandeza das antigas festas do Coxipó do Ouro. 

OXALÁ, as autoridades públicas deste Município e deste Estado, tocados pela Luz do Espírito Santo, pela humildade de São Benedito e pelo Imaculado Coração de Maria, se sensibilizem com a situação de abandono do Coxipó do Ouro e da tradição religiosa e destinem para lá um olhar administrativo-democrático-cristão capaz de trazer a comunidade para a modernidade do asfalto, do transporte coletivo, da segurança pública, da comunicação virtual, e da preservação histórico-cultural a que faz jus o velho ARRAIAL DE FORQUILHA. 

O Rio Coxipo do Ouro

O rio Coxipó é um rio brasileiro localizado no Estado de Mato Grosso. Ele nasce na Área de Proteção Ambiental de Chapada dos Guimaraes nas encostas da Serra do Atmã e passa pelo Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e Coxipo do Ouro, formando a cachoeira Véu de Noiva ao despencar pela escarpa. O rio drena parte do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães e a área urbana de Cuiabá e deságua no rio Cuiabá, na região do Horto Florestal, sendo um dos mais importantes afluentes do rio Cuiabá, possuindo diversos usos múltiplos da água como: proteção do ecossistema aquático, abastecimento público, recreação. No entanto, trechos deste rio encontra-se em conflito com os usos múltiplos. Apesar de existirem diversos estudos sobre quantidade e qualidade de suas águas, ainda não existe uma política e gestão efetiva com relação a este corpo d'água. Recentemente foi aprovada a criação do Comitê de Bacia Hidrográfica do Vale da Margem Esquerda do rio Cuiabá pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CEHIDRO

Morro São Jerônimo Coxipó do Ouro

No meio das serras, destaca-se o Morro de São Jerônimo. Ponto mais alto do parque, ele oferece uma vista fantástica da região.
Uma Trilha que requer condicionamento físico, pois a caminha é de 20 km (ida e volta) até o seu topo com 850 metros, passando por uma antiga estrada com varias vistas de formações rochosas, verdadeiros prédios esculpidos pela natureza. Uma caminha até a casa do morro antiga casa de um fazendeiro que hoje é o apoio aos turistas e para um parada para um lanche, e logo a sua frente a vista do mirante da casa, com o Morro de São Jerônimo a frente e a vista para Cuiabá.
Depois a subida continua, e cada subida, é avistada por vários ângulos de mirantes e formações curiosas como o guardião do morro com rosto e um nariz grande, uma subida íngreme até a grande chegada ao topo, uma vista de 360 graus de toda a região.

Lendas e crenças giram em torno dele. Muitos dizem que ali é ponto de aterrissagem de discos voadores. Outros afirmam ser o Morro povoado de duendes e gnomos.
Até a origem de seu nome, ligada às orações feitas pelos bandeirantes a Santa Bárbara e a São Jerônimo, para amainar as tempestades que, através daquele morro, disparavam raios e trovões, vem acompanhada de mistérios, sustos e medos.


A origem de Cuiabá



A historiadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Thereza Presotti, explicou que o nome Cuiabá apesar de ter várias versões ele segue uma memória indígena. A mais tradicional seria ‘Ikuiapá’ que se tornou referência para os indígenas que exploravam o local para pescar com flecha-arpão. Por isso, a pequena vila remetia apenas relação de sustentabilidade até a descoberta do ‘Ciclo do Ouro’ no Brasil que iniciou no final do século XVII.
Depois de explodir a fase do ouro, diversos garimpeiros e bandeirantes de várias regiões inclusive de Portugal migraram para áreas que eram possíveis lucrar com a febre. E em uma dessas expedições, os novos habitantes fundaram um povoado batizado de São Gonçalo, às margens do Rio Cuiabá.



Depois de alguns anos já em 1719, o bandeirante Pascoal Moreira assinou a carta de fundação depois que iniciou o descobrimento do ouro e a migração para o local. A partir disso, começaram as construções, como por exemplo, casas, estabelecimentos e as igrejas.

“Pascoal Moreira Cabral avisou para um bandeirante que veio para um apresamento na região informando que além da grande aldeia dos coxiponeses que tinha sido destruída também tinha indígenas próximo ao rio que se enfeitavam com ouros, já sinalizando que poderia ter ouro, e, no Coxipó do Ouro ele encontrou aldeias com índios que procuravam e mais o ouro que estavam nas barrancas do Rio Coxipó, onde foi instalada a comunidade do Coxipó do Ouro e foi instalada a primeira igreja”, contou.

8 de abril
A data de 8 de abril em que se comemora o aniversário da cidade é o momento da comunicação ao rei sobre a localização do ouro no Rio Coxipó. Porém, Cuiabá vai ser fundado como Vila no dia 1º de janeiro de 1727. Já a data de localização de ouro nessa região fica para o mês de outubro de 1722.

Conforme a historiadora, nessa época também foi levantada a Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Na primeira construção, a obra foi erguida de pau-a-pique para começar o processo de urbanização. E, por conta disso, era essencial inaugurar uma igreja.
“A partir do momento que a vila crescia, os representantes achavam que a Catedral deveria passar por transformações. Por isso, a igreja passou por várias reformas e ganhou uma segunda torre deixando de ser Matriz e assumiu o posto como Catedral”.



Apesar de várias mudanças, a maior delas foi registrada no dia 14 de agosto de 1968, quando a sede foi destruída por dinamites.

“Depois disso que foi inaugurada a Catedral que temos hoje em frente à Praça da República. A igreja agrega pinturas modernas e duas torres com um relógio em cada sendo considerada inclusive como o local mais visitado. Sem contar que os visitantes podem visitar as imagens do século XVIII. Entre elas está a do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, dedicada ao Padroeiro”, lembrou.




Homenagem ao dia da mulher

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso teve a honra de homenagear as maes de ouro do Coxipo do Ouro pelo dia internacional da mulher no dia 12 de marco de 2018. As homenageadas do dia: 
Janaina de Abreu Lima
Maria das Gracas Calaça Pedroso
Celia do Nascimento Lima
Leila Soares Viana