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RODRIGO VARGAS
Da Reportagem
Já haviam se passado seis dias desde que o então presidente do Estado de Mato Grosso, Antônio Paes de Barros, o Totó Paes, decidira deixar a zona urbana de Cuiabá em busca de esconderijo em uma fábrica de pólvora na região do Coxipó do Ouro.
Com a Capital inteiramente cercada por tropas sob o comando do senador Generoso Ponce, sua única esperança de retornar ao poder era a chegada de uma expedição militar trazendo os reforços prometidos pelo governo federal. O destino, porém, não permitiria tal reviravolta.
Traído por um partidário, o fugitivo teve seu paradeiro descoberto por uma guarnição comandada pelo coronel Joaquim Sulpício de Cerqueira Caldas. E, imediatamente após a captura, foi assassinado com dois tiros à queima-roupa. Era o dia 6 de julho de 1906.
Político habilidoso, grande pecuarista e maior industrial do Estado – proprietário da então moderna usina de Itaicy -, Totó Paes saiu da vida para protagonizar em um dos mais controvertidos episódios da história e também da historiografia de Mato Grosso.
“Depois do assassinato, veio uma campanha de difamação que se estendeu por décadas. O objetivo, além de ligar seu nome a fatos e crimes dos quais não se tem evidência alguma, era o de eliminá-lo da história de Mato Grosso”, acredita o historiador Paulo Pitaluga Costa e Silva, do Instituto Histórico e Geográfico.
Autor da pesquisa “A Visão dos Vencidos: Cem Anos Depois”, Pitaluga é um dos organizadores da série de eventos que nesta semana pretendem relembrar o centenário da morte do político e, principalmente, defender a revisão de seu legado.
Descrito por muitos como um déspota, responsável direto por barbaridades como o massacre de 17 opositores na Baía do Garcez e pela manutenção de um regime de terror entre os funcionários de sua usina, Paes seria, a partir desta ótica, um empresário moderno e dinâmico, que acabou por se tornar um político incômodo às antigas oligarquias.
“Totó Paes era um líder que, continuando na vida política e na liderança econômico-industrial, por certo impediria, tempos depois, a continuidade do poder de Generoso Ponce e seus correligionários”, aponta o historiador, em seu estudo.
Empossado presidente do Estado em 15 de agosto de 1903, Totó Paes vinha obtendo bons resultados com uma administração baseada na austeridade, aponta Pitaluga. “(...) Iniciou um governo de moralização, a iniciar pela normalização das alquebradas finanças do Estado. Era uma mentalidade nova, que afetava muitos interesses”.
A derrota para as forças de Generoso Ponce, que conseguiu arregimentar quase 4 mil homens para a chamada “revolução de 1906”, significaria também o início da campanha contra sua memória. “Não queremos colocá-o em um pedestal, acima do chão, como fizeram com aqueles que o assassinaram. Existem idéias e idéias, teorias e teorias. Nosso objetivo é apenas que a verdade seja esclarecida”.
Da Reportagem
Já haviam se passado seis dias desde que o então presidente do Estado de Mato Grosso, Antônio Paes de Barros, o Totó Paes, decidira deixar a zona urbana de Cuiabá em busca de esconderijo em uma fábrica de pólvora na região do Coxipó do Ouro.
Com a Capital inteiramente cercada por tropas sob o comando do senador Generoso Ponce, sua única esperança de retornar ao poder era a chegada de uma expedição militar trazendo os reforços prometidos pelo governo federal. O destino, porém, não permitiria tal reviravolta.
Traído por um partidário, o fugitivo teve seu paradeiro descoberto por uma guarnição comandada pelo coronel Joaquim Sulpício de Cerqueira Caldas. E, imediatamente após a captura, foi assassinado com dois tiros à queima-roupa. Era o dia 6 de julho de 1906.
Político habilidoso, grande pecuarista e maior industrial do Estado – proprietário da então moderna usina de Itaicy -, Totó Paes saiu da vida para protagonizar em um dos mais controvertidos episódios da história e também da historiografia de Mato Grosso.
“Depois do assassinato, veio uma campanha de difamação que se estendeu por décadas. O objetivo, além de ligar seu nome a fatos e crimes dos quais não se tem evidência alguma, era o de eliminá-lo da história de Mato Grosso”, acredita o historiador Paulo Pitaluga Costa e Silva, do Instituto Histórico e Geográfico.
Autor da pesquisa “A Visão dos Vencidos: Cem Anos Depois”, Pitaluga é um dos organizadores da série de eventos que nesta semana pretendem relembrar o centenário da morte do político e, principalmente, defender a revisão de seu legado.
Descrito por muitos como um déspota, responsável direto por barbaridades como o massacre de 17 opositores na Baía do Garcez e pela manutenção de um regime de terror entre os funcionários de sua usina, Paes seria, a partir desta ótica, um empresário moderno e dinâmico, que acabou por se tornar um político incômodo às antigas oligarquias.
“Totó Paes era um líder que, continuando na vida política e na liderança econômico-industrial, por certo impediria, tempos depois, a continuidade do poder de Generoso Ponce e seus correligionários”, aponta o historiador, em seu estudo.
Empossado presidente do Estado em 15 de agosto de 1903, Totó Paes vinha obtendo bons resultados com uma administração baseada na austeridade, aponta Pitaluga. “(...) Iniciou um governo de moralização, a iniciar pela normalização das alquebradas finanças do Estado. Era uma mentalidade nova, que afetava muitos interesses”.
A derrota para as forças de Generoso Ponce, que conseguiu arregimentar quase 4 mil homens para a chamada “revolução de 1906”, significaria também o início da campanha contra sua memória. “Não queremos colocá-o em um pedestal, acima do chão, como fizeram com aqueles que o assassinaram. Existem idéias e idéias, teorias e teorias. Nosso objetivo é apenas que a verdade seja esclarecida”.
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