
Você sabia que Eurico Gaspar Dutra, único mato-grossense a ser presidente da República, recebeu o sacramento do batismo na modesta capelinha de nossa senhora do Rosário, da Igreja de Nossa Senhora da Penha, na localidade do Coxipó do Ouro em 15/08/1883?
O distrito do Coxipó do Ouro, a apenas 23 quilômetros de Cuiabá, guarda histórias como essa e muito mais. Além de preciosidades históricas, tem tudo para se consolidar como importante polo de turismo sustentável em Mato Grosso. Poucos lugares no país conseguem juntar beleza natural, com matas, cachoeiras, trilhas e morros; lazer com águas cristalinas, e muitas histórias, verdadeiro berço da colonização cuiabana. Os bandeirantes paulistas chegaram à região no período classificado como 'febre do ouro' no Brasil, no século XVIII. Assinaram ali, às margens do rio Coxipó, a ata de fundação da então Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, e construíram a primeira igreja.


Igreja Nossa Senhora da Penha, a primeira da capital, onde o presidente Dutra foi batizado
Pascoal Moreira Cabral, segundo diversos relatos históricos, descobriu ouro na região do hoje distrito, mais especificamente no Arraial da Forquilha, e assinou a ata da fundação da cidade para garantir os direitos pela descoberta à Capitania de São Paulo. A quantidade de ouro, no entanto, teria se mostrado menor do que a esperada, o que fez com que o povoado fosse abandonado por parte da população. Sobretudo quando foram descobertas as lavras do Sutil, em Cuiabá, o que acabou atraindo grande parte da população do antigo arraial.
Pascoal Moreira Cabral, segundo diversos relatos históricos, descobriu ouro na região do hoje distrito, mais especificamente no Arraial da Forquilha, e assinou a ata da fundação da cidade para garantir os direitos pela descoberta à Capitania de São Paulo. A quantidade de ouro, no entanto, teria se mostrado menor do que a esperada, o que fez com que o povoado fosse abandonado por parte da população. Sobretudo quando foram descobertas as lavras do Sutil, em Cuiabá, o que acabou atraindo grande parte da população do antigo arraial.

Imagem ilustrativa sobre a chegada dos bandeirantes à região
Mesmo tricentenária, a chamada 'comunidade do Coxipó do Ouro' é 'quase' um povo esquecido. Quase porque volta e meia saem alguns lances de esperança de que os governos de plantão olhem para a região e enxerguem o potencial enorme desperdiçado.
A última boa ação neste sentido foi realizado pelo governo estadual. O então governador Pedro Taques iniciou e a administração do governador Mauro Mendes concluiu o asfaltamento de um trecho de 8,6 quilômetros da rodovia estadual MT-402, ligando o distrito até a Rodovia Emanuel Pinheiro (Estrada da Chapada/MT-251).
Mesmo tricentenária, a chamada 'comunidade do Coxipó do Ouro' é 'quase' um povo esquecido. Quase porque volta e meia saem alguns lances de esperança de que os governos de plantão olhem para a região e enxerguem o potencial enorme desperdiçado.
A última boa ação neste sentido foi realizado pelo governo estadual. O então governador Pedro Taques iniciou e a administração do governador Mauro Mendes concluiu o asfaltamento de um trecho de 8,6 quilômetros da rodovia estadual MT-402, ligando o distrito até a Rodovia Emanuel Pinheiro (Estrada da Chapada/MT-251).

Outra iniciativa veio na administração do prefeito Wilson Santos. Ele chegou a fazer uma bela estrutura na localidade da ponte de ferro, a cerca de 10 km do distrito, sob o rio Coxipó, com áreas de lazer, espaço comercial, placa resgatando a história da região... Mas, pasme! O local não chegou a ser de fato usado. Era para ser transferido à iniciativa privada, mas o projeto ficou na construção da estrutura hoje totalmente depredada e saqueada.
Foi lembrada, claro, por vândalos, e esquecida pelo tempo e as administrações municipais.

LUGAR SIMPÁTICO
Quem chega ao distrito do Coxipó do Ouro tem uma boa impressão do local. A praça principal, onde está a Igreja Nossa Senhora da Penha de França, e a única escola da localidade chamam a atenção.
Da rodovia Emanuel Pinheiro, que liga Cuiabá a Chapada dos Guimarães, até a via principal pavimentada do distrito são aproximadamente 9 quilômetros.
A outra via de acesso é pela ponte de ferro, saindo pelo bairro Dr. Fábio, região da grande Morada da Serra. O asfaltamento deste trecho de aproximadamente 10 km permitiria que o distrito, até há pouco isolado, passasse a ter duas frentes de acesso pavimentadas. Dali até Chapada dos Guimarães são apenas 41 km, 20 km a menos que o trecho tradicional.

Se é tão importante, por que não fizeram ainda?
Segundo o secretário-adjunto de Obras Rodoviárias da Secretaria de Infra-estrutura do Estado (Sinfra), Nilton de Brito, este é um projeto que já está no radar do governo Mauro Mendes. "Só esperamos retomar a licitação do Rodoanel, embargada pelo Tribunal de Contas da União, para fazer este trecho. Ele deve constar no novo projeto do rodoanel", assegura Brito. Segundo ele, todas as pendências apontadas pelo TCU já foram esclarecidas e a previsão é de asfaltar a via no ano que vem. "Sabemos da importância desta ligação", admite Brito.

Para Thiago Pedroso, presidente da Associação de Moradores do Distrito do Coxipó do Ouro, a obra de pavimentação asfáltica vai gerar turismo, emprego e renda para a comunidade, sem contar a valorização da cultura e História de Cuiabá, pois Coxipó do Ouro é um museu a céu aberto, o distrito ostenta marcos históricos como o lugar que realizou a primeira missa na região central do país, o cemitério mais antigo datado em 1718, festas religiosas com mais de 190 anos de tradição, a 1ª fabrica de pólvora e o primeiro povoamento da região central do Brasil.
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Thiago Pedroso Pres. Assoc. de moradores |
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Convite desta do Sr Divino do ano de 1888 |
Empreendedor no Coxipó do Ouro, Adeildo Silva, conhecido por Adê, é um entusiasta da obra e do potencial turístico da região. "Esse asfaltamento vai devolver de vez o Coxipó do Ouro a Cuiabá", avalia Adê, lembrando que o asfaltamento do distrito até a rodovia para Chapada foi importante, mas que a verdadeira integração virá com o asfaltamento deste trecho. "Vai ligar toda a Grande Morada da Serra, estamos falando de mais de 100 mil moradores, ao distrito onde tudo começou. Será fantástico isso", comemora.
Para Adê Silva, o asfaltamento da rodovia aliado a uma política de revitalização de pontos turísticos como o da 'ponte de ferro' e da próprio distrito, com centenária igreja Nossa Senhora da Penha, podem devolver de vez o desenvolvimento da região. Ele diz que irá procurar o senador Carlos Fávaro (PSD) para tentar assegurar emendas para duplicar as duas principais pontes da via: uma sobre a ponte de ferro e outra dentro da vila.

Agora na segunda quinzena de julho uma carreta literalmente 'entalou' na ponte de ferro, construída em alvenaria, mas para passagem de apenas um veículo por vez. Depois que a verdadeira ponte de ferro, vinda da Inglaterra, caiu durante uma enchente, construíram a estreita ponte. "Vamos unir esforços e correr atrás disso. Precisamos dar trafegabilidade, sem contar o risco de acidente, que é grande", pondera Adê.
Ele ressalta que a grande preocupação dos moradores e empreendedores da região, como é o seu caso, é com meio ambiente e a segurança pública.
"É fundamental que essa revitalização ocorra, mas que haja preservação meio ambiente. O rio Coxipó do Ouro é a nossa maior riqueza natural é precisa ser olhado com carinho. Já a segurança também é fundamental. Precisamos de um posto fixo da polícia no complexo da ponte de ferro, que esperamos que seja revitalizado, e outro no distrito", reivindica.
O ex-presidente da Associação dos Moradores do Coxipó do Ouro, Areolino Viana Filho, o 'Alemão', mora há 40 anos no distrito. Ele concorda que implementar o desenvolvimento sustentável e garantir a segurança das famílias que vivem na região são os dois principais desafios do distrito. "Queremos o desenvolvimento, mas com preservação", diz Alemão, que há décadas tem um balneário/restaurante na Vila, às margens do rio Coxipó.

Ele considera fundamental, também, o resgate da história do distrito. Ex-estudante de Geologia da UFMT, Alemão guarda com carinho um livro datilografado por ele mesmo há mais de 30 anos, onde relata a história do Coxipó do Ouro, as riquezas encontradas pelos bandeirantes, a igrejinha centenária... "Isso aqui é a nossa vida, nossa memória não pode ser esquecida", justifica Alemão.
PONTE DE FERRO É HISTÓRIA
A colocação da Ponte de Ferro do Coxipó foi um verdadeiro acontecimento em Cuiabá no final do século 19. Importada da França, tinha 54 metros de comprimento por 4,20 metros de largura, assentada sobre pilares de pedra canga, cimento e alvenaria. Foi inaugurada em 20 de junho de 1897.
Tombada como patrimônio histórico e cultural do Estado em 1984, a estrutura se tornou um marco na capital por facilitar a entrada de mercadorias e expandir o comércio local.
Tombada como patrimônio histórico e cultural do Estado em 1984, a estrutura se tornou um marco na capital por facilitar a entrada de mercadorias e expandir o comércio local.

Derrubada por uma enchente em 1995, o que restou dela, um amontado de ferro contorcido, está no leito do rio, ao lado da nova e estreita ponte de concreto atual.
CENTENAS DE VISITANTES
Mesmo ainda sem a infra-estrutura adequada, como facilidade de estacionamentos, pontos de apoio e banheiros públicos, a região do Coxipó do Ouro recebia nos finais de semana, antes da pandemia do novo coronavírus, centenas de visitantes.
Boa parte em busca dos tradicionais campeonatos de futebol da região, mas reunia também motoqueiros, que chegaram a fazer encontros nacionais na localidade. Havia ainda os que buscavam às águas cristalinas do Coxipó do Ouro, trilhas, uma paisagem única e uma culinária cuiabana de primeira.
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Água cristalina garante uma opção de lazer aos cuiabanos |
Na rua principal da comunidade há vendedores de pastel, bolo de arroz, caldo de cana. Na praça um Cruzeiro marca o início da colonização cuiabana com uma placa inaugurada pelo então prefeito Rodrigues Palma, em 1976.
O local onde a bandeira de Pascoal Moreira Cabral acampou ergueu também a primeira igreja (em 21/02/1721) em uma homenagem singela à Nossa Senhora da Penha da França. Alí foi celebrada a primeira missa em solo cuiabano, pelo padre jesuíta Jerônimo Botelho.

Historiadores contam que o terreno chegava a render quilos e quilos de ouro aos exploradores, mesmo sem as ferramentas apropriadas. "Os paulistas, que já não ligavam para roça recém plantada e nem queriam mais prear índios, se renderam ao brilho do ouro", cita o documento.
Fonte: Midiahoje
Querermos melhorias, asfalto e turismo na região.
ResponderExcluirPrometeram mas não cumpriu
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