sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Abraço ao Rio Coxipó chama atenção para degradação do rio que mata a sede de 45% de Cuiabá


Há mais de 300 anos a correnteza do Rio Coxipó levava o bandeirante Pascoal Moreira Cabral às jazidas que estimulariam a criação de Cuiabá.

De lá para cá, muita água passou por debaixo da ponte e a comunidade do Coxipó do Ouro, hoje distrito da Capital, guarda outro tesouro: o mesmo curso d'água que garantiu a exploração e resultou no desenvolvimento da Capital, agora abastece 45% das casas cuiabanas. 
 
   
Nesta segunda-feira (12), a Comissão Permanente de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) reforçou seu compromisso com a história e a preservação da região, com o simbólico “Abraço ao Rio Coxipó”. Ao fazer este resgate, a ação, liderada pelo conselheiro Sérgio Ricardo, propôs a valorização e a conscientização sobre as causas ambientais.
  
   
Junto a quase 200 alunos da Escola Municipal de Educação Básica do Campo (EMEBC) Nossa Senhora da Penha de França, o conselheiro, que preside a Comissão, promoveu o plantio de mudas e falou sobre o papel central das crianças e jovens no debate. “O que estamos fazendo é levar às escolas o reavivamento da história e a nossa preocupação com o meio ambiente. É esse grupo que vai nos ajudar a mudar o futuro.” 
 
Para reforçar a mensagem, houve exposição e distribuição de cartilhas.
 
“Todas as crianças levarão esse material para casa, para o pai, a mãe, os irmãos. É um trabalho completo que o Tribunal de Contas está fazendo.
 
Estamos trazendo um pouco da situação que o mundo vive: a degradação, o desmatamento, a destruição das florestas e rios. Há muitos países onde as pessoas não têm água para beber.”
 
  
De acordo com o diretor da Escola, Ednilson de Carvalho, a iniciativa se articula com o trabalho realizado ao longo do ano. “Somos uma escola do campo e trabalhamos a questão ambiental no nosso currículo. Com esta atividade encerrando o ano letivo, o tema se torna permanente na vida dos alunos. Conhecer e entender bem o bioma cerrado é fundamental para eles, porque a gente só valoriza aquilo que conhece.” 

Diretor da Escola Ednilson de Carvalho
 
O recado foi captado pela jovem Yasmin Santos, de 13 anos. “Temos que valorizar muito a natureza, porque tem gente que não valoriza. Me sinto bem e alegre quando chego no rio e está tudo limpo. Se nós não conseguirmos cuidar dele e encher o rio de lixo, como vamos sobreviver?
 
Tem que dar atenção, porque quando não tiver mais, o que vamos fazer?”, questionou.
 
Vale destacar que trabalho parecido foi executado em uma escola de Sinop, no último mês. Na ocasião, o Abraço à Amazônia, levou a centenas de crianças informações sobre o bioma e propôs soluções para sua preservação.  
 
 
Contexto histórico e importância hídrica
 
  
O Rio Coxipó nasce nos arredores dos paredões da Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá. Várias nascentes que contribuem para a formação do rio. Com a junção das nascentes, o rio vai ganhando volume e ultrapassa as características típicas da região de Cerrado, até despencar de um paredão de mais de 80 metros, para formar um dos mais famosos cartões-postais do estado: a cachoeira Véu de Noiva. 
 
Deste 1718, quando Pascoal Moreira Cabral Leme, descobriu as jazidas de ouro e deu início ao povoamento da região, o local foi chamado de Arraial da Forquilha, Arraial de Cuiabá e Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. “Aqui foi construída a primeira igreja do Centro Oeste. Além disso, o primeiro telegrafo de Mato Grosso foi instalado no Arraial da Forquilha, então a tecnologia no estado começou aqui”, lembrou Sérgio Ricardo. 
 
O presidente da Associação de Moradores do Coxipó do Ouro, Thiago Pedroso, explicou que a ação aproxima a comunidade do Poder Público, que passa a conhecer as demandas da região.  “Assim eles conhecem um pouco nossa realidade, além de levar a educação ambiental para as crianças.

 
Muitas vezes a gente tem uma coisa e não valoriza, mas aí vem as pessoas de fora e despertam essa vontade de manter o rio limpo”, por exemplo.
 
 
Mobilização
  
 
A ação contou com a parceria do Juizado Volante Ambiental de Cuiabá (Juvam), unidade do Poder Judiciário responsável pelo Projeto Verde Novo, que há anos desenvolve trabalho relevante no setor. A mobilização, na opinião do assessor do Juvam, Sérgio Saviolli, é responsabilidade de todos, uma vez que está assegurada pelo próprio texto constitucional.
 
“Hoje ouvimos o conselheiro falar sobre a capacidade de abastecimento hídrico do rio Coxipó e a arborização está totalmente relacionada a isso. Se não houver árvores próximo aos leitos dos rios, há assoreamento e ressecamento. Quando nós falamos em preservar matas ciliares, estamos trabalhando tanto na manutenção dos lençóis d'água quanto no equilíbrio térmico da cidade”, disse. 
 
Durante o encontro, Sérgio Ricardo também propôs a criação de um livro, com registros feitos a partir da percepção das crianças sobre o espaço em que vivem. A sugestão foi endossada pela secretária-adjunta de Meio Ambiente de Cuiabá, Ana Paula Sales. “Quero parabenizar o conselheiro em nome do prefeito por essa atitude memorável, que vai ajudar a cuidar do planeta não só hoje, mas também para o futuro.”
 
No mesmo sentido se pronunciou o vereador Diego Guimarães. “É muito simbólico realizar esta ação no Coxipó do Ouro, um lugar tão importante não só no contexto histórico, mas ambiental. É um recado que o Tribunal de Contas dá para a sociedade sobre sua preocupação não só com o meio ambiente, mas com as pessoas. Quem vive nos grandes centros urbanos precisa saber que a vida depende também da preservação.”

Clique aqui e confira galeria de fotos.


Fonte TCU 

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